Autora: Dra. Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
Médica endocrinologista
A Diabetes tipo 2 se apresenta em franco crescimento na população mundial ao longo das últimas décadas. De acordo com os últimos dados publicados em 2021 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), 15,7 milhões de brasileiros adultos (10,5%) vivem com diabetes, sendo cerca de 90% desses casos compostos por pacientes com diabetes mellitus tipo 2.
O que é diabetes tipo 2?
A diabetes mellitus tipo 2 é uma doença metabólica caracterizada pela hiperglicemia (elevação da glicose no sangue). É originada do comprometimento progressivo da produção do hormônio insulina pelas células beta pancreáticas e pela presença de resistência a ação desse hormônio em órgãos alvo.
Quais os sintomas da diabetes tipo 2?
A doença geralmente não tem sintomas no início do seu desenvolvimento e pode permanecer assim, assintomáticas, por bastante tempo.
Na ausência de sintomas clínicos o diagnóstico é realizado pela presença de alterações nos exames laboratoriais (glicemia de jejum, hemoglobina glicada e teste oral de tolerância à glicose). Aproximadamente 40% dos indivíduos que apresentam diabetes desconhecem a doença. Por isso, a realização de exames de rotina é um importante aliado na identificação de novos diagnósticos.
No caso de pacientes que apresentam sinais e/ou sintomas, podem ser citados principalmente:
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presença de acantosis nigricans (manchas escurecidas em regiões de dobras como pescoço, axila e virilha)
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polidipsia (sede em excesso)
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alterações visuais como visão embaçada
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poliúria (urina em excesso)
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parestesias (dormências) em mãos e/ou pés
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redução de peso não associada a redução de ingesta alimentar
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Fadiga (cansaço) constante
Qual a causa da diabetes tipo 2?
A diabetes mellitus tipo 2 é uma doença heterogênea e multifatorial, secundária a interação de fatores genéticos e ambientais. O excesso de peso, o sedentarismo, o envelhecimento, a microbiota intestinal, dentre outros elementos, podem originar modificações ou ativações de genes que culminam com o comprometimento do metabolismo da glicose.
Diabetes tipo 1 e tipo 2: qual a diferença entre elas?
O diabetes mellitus tipo 1 é responsável por cerca de 5 a 10% dos casos de diabetes. Nesse tipo de diabetes ocorre destruição das células beta pancreáticas, de caráter autoimune, na grande maioria dos casos, ocasionando deficiência absoluta da insulina.
O diagnóstico é realizado principalmente na infância e adolescência. No diabetes mellitus tipo 2, cerca de 90% dos casos de diabetes, o mecanismo responsável pela hiperglicemia é a deficiência da produção da insulina e o comprometimento da sua ação. O diagnóstico é realizado principalmente na faixa etária adulta, mas a doença pode ser diagnosticada também em crianças, adolescentes e idosos.
Hipoglicemia: o que é?
A hipoglicemia é definida com valor de glicemia inferior a 70mg/dL.
Erro na dose dos medicamentos para o tratamento do diabetes e longos periodos sem alimentação podem ocasionar essa redução da glicemia em pacientes com diabetes. Outros fatores devem ser considerados na avaliação da causa do evento, como a prática de exercícios físicos e a presença de infecções.
Sintomas de hipoglicemia
Durante o episódio de hipoglicemia, o indivíduo pode apresentar sintomas, como:
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tontura
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visão embaçada
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sudorese
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sonolência
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tremor
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náusea
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fome
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taquicardia
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Formigamentos
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convulsões e inconsciência em casos mais graves
A hipoglicemia deve ser tratada o quanto antes e isso pode ser feito através da ingestão de 15g de carboidrato de absorção rápida (01 colher de sopa de açúcar, podendo ser diluída em água, 01 colher de sopa de mel, 150mL de refrigerante comum ou suco de laranja integral, 3 balas mastigáveis ou 01 sachê de mel próprio para correção de hipoglicemia).
Essa medida deve ser tomada pelos pacientes que tenham condições de ingerir o alimento, e a glicemia deve ser checada novamente após 10-15 minutos para avaliar a resposta ao tratamento.
Qual o tratamento para a diabetes tipo 2?
O tratamento do diabetes mellitus tipo 2 é alicerçado no controle da glicemia por meio do uso de medicamentos (uso oral e/ou injetável) e pela mudança no estilo de vida, com prática regular de exercícios físicos e seguimento de plano alimentar balanceado.
Além desses pontos centrais, outros devem ser focados como: sono saudável, redução de estresse e atividades de lazer. É necessário também a vigilância e controle intensivo de outros fatores, como o colesterol e a pressão arterial.
O tratamento da diabetes tipo 2 é de extrema importância, pois a hiperglicemia, a longo prazo, pode ocasionar complicações, principalmente cardiovasculares, renais, neurológico e ocular.