Autora: Dra. Laura Lopes, endocrinologista da Dasa
Apesar de ser predominantemente associada aos homens, a testosterona também desempenha um importante papel na saúde da mulher. A testosterona em mulheres, quando muito baixa, pode afetar significativamente a vida sexual na mulher, por exemplo.
O termo "testosterona feminina" costuma ser usado por muitas pessoas, mas é incorreto. Isso porque a testosterona é o mesmo hormônio que circula no sangue de homens e mulheres, só que em concentrações diferentes.
A seguir, saiba qual a função da testosterona na mulher, os benefícios e quando a reposição desse hormônio é indicada.
Qual a função da testosterona no organismo feminino?
A testosterona e outros andrógenos, mais conhecidos como hormônios associados às características masculinas no homem, também desempenham papéis essenciais no corpo das mulheres ao longo da vida.
Eles afetam diversas áreas, como a função dos ovários, o metabolismo ósseo e muscular, a função cognitiva e o desejo sexual.
Benefícios da testosterona para a saúde da mulher
Em condições normais, a testosterona tem ações importantes na sexualidade feminina, influenciando especialmente o desejo, humor, energia e bem-estar.
Isso porque os hormônios andrógenos têm efeitos no sistema reprodutor feminino e no cérebro, modulando assim a função reprodutiva da mulher, juntamente com outros hormônios que atuam também nessas áreas, como o estrógeno, por exemplo.
Sintomas de baixa testosterona em mulheres
Os sintomas decorrentes da baixa testosterona ao longo da vida reprodutiva da mulher são muito inespecíficos, mas podem incluir:
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Alteração do humor;
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Redução da libido;
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Diminuição do prazer;
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Redução da receptividade sexual;
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Sintomas vasomotores, ou seja, onda de calor e suor noturno;
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Diminuição da lubrificação vaginal.
Vale ressaltar que a presença desses sintomas na mulher não necessariamente indica deficiência de testosterona. Outros hormônios e neurotransmissores atuam no sistema reprodutivo e no cérebro da mulher. A libido e o prazer sexual são modulados por diferentes hormônios no corpo feminino – inclusive a progesterona -, bem como por diferentes elementos do ambiente, além dos hormônios androgênicos.
Por isso, a presença desses sintomas não significa que há necessidade de dosagem de testosterona. A melhor maneira de sabermos é a partir da avaliação médica.
Causas para a baixa testosterona em mulheres
Concentrações baixas de testosterona na mulher podem ter diferentes causas, variando da queda natural que ocorre ao longo da vida reprodutiva da mulher até alguma causa patológica, ou seja, que indica doença.
A presença de testosterona baixa feminina pode indicar doença quando ocorre com sintomas de um transtorno chamado desejo sexual hipoativo (DSH), caracterizado pela falta ou diminuição do interesse sexual.
Como medir os níveis da testosterona em mulheres?
A testosterona é medida com um exame de sangue, mas vale ressaltar que diferentes elementos podem interferir na sua dosagem, como horário da coleta, coleta após a refeição e a concomitância de doenças, como diabetes, que podem causar um desequilíbrio hormonal.
Também é importante destacar que, na mulher, não há consenso a respeito dos valores considerados normais para a dosagem de testosterona. Portanto, a dosagem deve ser cuidadosamente interpretada pelo médico a partir do contexto clínico da paciente.
Quando a reposição hormonal é indicada?
A reposição de testosterona em mulheres só deve ser feita quando houver o diagnóstico bem estabelecido do desejo sexual hipoativo. Essa disfunção sexual é definida a partir de critérios clínicos, incluindo alteração em diferentes elementos da função sexual, como excitação, desejo, orgasmo e dor no ato sexual.
Portanto, não há indicação de reposição de andrógenos para aumento de desempenho sexual ou esportiva, bem como também não há evidências para a reposição com finalidade de aumento de massa magra, redução de gordura corporal ou outros sintomas frequentemente relacionados ao climatério ou menopausa.
Inclusive, a reposição inadequada de testosterona pode trazer vários sintomas, como acne, engrossamento da voz e aumento do clitóris. Alguns desses sintomas, incluindo o aumento do clitóris, são corrigíveis apenas com tratamento cirúrgico. Ou seja, não regridem mesmo após a suspensão da reposição inadequada do hormônio.
Além disso, a reposição inadequada pode levar o indivíduo à dependência, ocasionando um transtorno mental que, muitas vezes é de difícil tratamento.
