Dra. Adriana Campaner
Endometriose é uma doença que ocorre quando o tecido idêntico ao revestimento interno do útero, o endométrio, começa a se desenvolver em outros lugares dentro do abdômen, como os ovários, trompas de falópio, bexiga e intestino.
A condição pode afetar mulheres em fase reprodutiva de todas as idades, sendo caracterizada por sua longa duração e sintomas potencialmente perigosos.
Existem tratamentos capazes de reduzir sintomas e as chances de a doença causar um grande impacto na saúde da mulher.
O que é a endometriose?
O revestimento interno do útero da mulher é chamado de endométrio. Esse tecido é eliminado durante a menstruação e é perceptível junto ao sangue, sendo expelidos alguns "pedacinhos". Durante a gestação, é nesse local que a placenta irá se aderir e se desenvolver.
A endometriose ocorre quando o tecido endometrial vai parar em outra localização sem ser a cavidade do útero, podendo penetrar pela parede do útero ou no meio da musculatura uterina, chamado de adenomiose (endometriose da parede do útero), que ocorre com bastante frequência.
Estas células endometriais podem também refluir pelas trompas e parar dentro do abdômen. Desta forma, as células de tecido endometrial podem se aderir no ovário, na parte de fora das trompas, em toda região em volta do útero, perto da bexiga e no intestino. Assim, temos a endometriose pélvica, e, em alguns casos raros, o tecido endometrial pode se disseminar pela corrente sanguínea, podendo ir para outros locais, como o pulmão.
Inicialmente, as células endometriais se aderem na superfície de determinado tecido, por exemplo, no ovário, parte de fora das trompas, toda região em volta do útero, perto da bexiga e intestino. Conforme a variação das concentrações hormonais do ciclo menstrual, este tecido começa a se desenvolver e sofre como se fosse uma "menstruação local".
Nestes casos, ocorre a formação de pequenos focos de sangramento. Se esse tecido começar a sangrar dentro do ovário, o sangue é acumulado e se forma um cisto, chamamos isso de endometrioma de ovário. Já se ocorrer na superfície dos órgãos, pode levar a aderências na pelve, trompas com os ovários, intestino e bexiga com as regiões adjacentes. No início do quadro, a endometriose é superficial, apresentando sintomas mais leves. Com a evolução da doença, as células endometriais podem invadir os tecidos, como na parede da bexiga e intestino, tornando os sintomas de dor cada vez mais intensos.
Sintomas de endometriose: quais são mais frequentes?
Quando a paciente apresenta esse quadro, a principal queixa é a dor pélvica cíclica ou dor muito forte no período menstrual, pois, no ciclo menstrual os tecidos endometriais que estão fora do útero também proliferam.
Os principais sintomas são: cólicas menstruais (muito forte, que piora durante o período menstrual), cólicas fora do ciclo menstrual e dor nas relações sexuais.
Em alguns casos, não há sintomas, fazendo com que a mulher descubra a doença quando realiza o exame de ultrassom transvaginal ou ressonância de pelve. Já outros casos, são descobertos quando a mulher está tentando engravidar e acaba descobrindo a infertilidade, que ocorre pela endometriose devido a inflamação da pelve e obstrução das trompas pela formação de aderências.
Quais os tipos de endometriose?
A endometriose apresenta alguns tipos que necessitam de atenção para não se tornarem grandes complicações. Veja os principais:
Endometriose superficial
A endometriose superficial é considerada a menos grave, acometendo principalmente adolescentes.
As lesões do endométrio possuem uma coloração avermelhada e se espalham na superfície do peritônio (tecido que cobre as paredes do abdômen), podendo ser encontradas também no diafragma.
Endometriose profunda
Esse é um tipo menos frequente, caracterizado pela invasão de tecido endometrial além de 5 mm abaixo da superfície peritoneal. As lesões podem estar presentes no fundo de saco vaginal, septo retovaginal, parede vaginal e outros locais dentro do abdômen.
Os sintomas são mais intensos, como dor pélvica, dor durante a relação sexual, inchaço na região e dificuldade ou sangramento para evacuar.
Endometriose ovariana
Neste caso, a doença acomete o ovário de forma superficial, podendo criar endometriomas maiores de 2 cm, que apresentam uma cor escurecida, de sangue antigo e espesso.
Endometriose intestinal
Acontece quando a endometriose se desenvolve nas paredes do intestino. Os sintomas incluem: intensa dor abdominal, dor e dificuldade para evacuar ou diarreia persistente, náuseas e vômitos.
Endometriose pulmonar
É um tipo de endometriose incomum, bastante rara, e que afeta diretamente a saúde dos pulmões, envolvendo a pleura e o parênquima pulmonar. Pode trazer diversas complicações para a saúde da mulher, como pneumotórax, hemotórax, e hemoptise, bem como nódulos na pleura ou no pulmão.
Quais as causas da endometriose?
As causas ainda estão sendo discutidas. Existem diversas teorias, mas a principal e mais antiga, é que as células saem da cavidade endometrial refluem pelas trompas e se espalham pela pelve e por toda a região abdominal. Fatores hereditários e imunológicos também estão envolvidos.
Como é feito o diagnóstico da endometriose?
O diagnóstico da endometriose é dado principalmente pelos sintomas já citados acima e pela realização dos exames. Os principais e melhores são: o ultrassom transvaginal, sendo recomendado o com preparo intestinal, ou a ressonância nuclear magnética da pelve.
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Qual o tratamento recomendado para a doença?
Após a confirmação da endometriose, primeiramente é feita uma avaliação para saber o estágio da doença, para, assim, planejar o tratamento.
Quando a endometriose começa e está bem no início, o ideal é entrar com tratamento hormonal, deixando a mulher sem menstruar, desta forma as células endometriais têm menor probabilidade de proliferação e invasão.
Em alguns casos mais graves, é necessária a realização de cirurgia que normalmente é feita por laparoscopia.
Há casos de pacientes em que é necessário remover os focos de endometriose por exemplo, no intestino, bexiga ou ovário, ou mesmo o endometrioma ovariano.
É importante ressaltar que o tratamento dependerá do estágio da endometriose, portanto, quando houver suspeita, é fundamental realizar uma consulta médica com o ginecologista.