A compulsão alimentar é um transtorno alimentar grave que pode causar inúmeras complicações na vida do indivíduo acometido.
Está associada a diversos fatores, genéticos, psicológicos, biológicos e comportamentais. Quando diagnosticado, o transtorno pode ser tratado e a qualidade de vida reestabelecida.
O que é a compulsão alimentar?
A compulsão alimentar é um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão, em curto espaço de tempo, de grandes quantidades de alimentos em comparação ao que outras pessoas consumiriam em situações semelhantes. Trata-se de uma doença, Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), contemplada na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5 – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA]) e está entre os transtornos alimentares mais frequentes.
A doença acarreta prejuízos notáveis na qualidade de vida do paciente, gerando comprometimento em graus variados nas atividades laborais e na vida pessoal. No entanto, o diagnóstico é realizado em uma pequena parcela da população.
Quais são as causas da compulsão alimentar?
As causas relacionadas com o TCA são multifatoriais e os mecanismos envolvidos não estão completamente esclarecidos. Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e comportamentais estão associados à doença.
Restrições alimentares, transtorno de humor e estresse estão entre os agentes desencadeadores dos eventos compulsivos. As adversidades emocionais enfrentadas pelo indivíduo com TCA são gatilhos para a alimentação em excesso, como um mecanismo de defesa e busca pelo alívio das dificuldades.
Ansiedade e compulsão alimentar: existe relação entre as doenças?
O TCA está frequentemente associado a outros transtornos psiquiátricos, sendo o de ansiedade um dos mais comuns. Os mecanismos envolvidos nessa associação ainda não estão completamente elucidados.
Compreende-se que nesse transtorno alimentar ocorre uma desorganização dos circuitos cerebrais relacionados à sensação de prazer que direciona ao consumo alimentar desenfreado. Os picos de ansiedade atuam como gatilhos aos episódios do comer exagerado. Dessa forma, a presença concomitante do transtorno de ansiedade deve ser identificada e conduzida de forma adequada também.
Quais são os sintomas da compulsão alimentar?
Durante os episódios de compulsão alimentar, os alimentos são ingeridos de forma mais rápida que o habitual, embora sem a sensação física de fome, e até se sentir demasiadamente cheio, com presença de desconforto. O comportamento está associado a impressão de falta de controle sobre os alimentos ingeridos e sentimentos negativos como culpa, constrangimento e vergonha, acarretando sofrimento considerável ao indivíduo. Alguns pacientes desenvolvem o hábito de esconder alimentos ou comer escondido devido ao receio dos julgamentos oriundos da ingesta alimentar exagerada.
Como identificar a compulsão alimentar?
O diagnóstico do TCA é baseado na investigação clínica por meio da entrevista médica e da aplicação de questionários específicos, não havendo exames laboratoriais destinados a essa finalidade até o momento.
Na consulta médica são avaliados os seguintes pontos: ocorrência de episódios de compulsão alimentar com recorrência ≥ 1 vez por semana nos últimos 3 meses e pelo menos 3 características de perda de controle (comer mais rapidamente do que o normal; comer até sentir-se desconfortavelmente cheio; aumento de peso; comer grandes quantidades de alimentos sem sensação de fome; comer sozinho por vergonha devido à quantidade de alimentos que consome; sentir repulsa por si mesmo, depressão ou culpa demasiada após comer excessivamente).
Diferentemente da bulimia nervosa, outro tipo de transtorno alimentar, os episódios de excesso alimentar não são acompanhados de comportamentos purgativos como indução de vômitos, uso de laxantes ou práticas exageradas de exercícios físicos.
Qual o tratamento indicado para a compulsão alimentar?
O tratamento do TCA é alicerçado na abordagem multidisciplinar que envolve o psiquiatra, o endocrinologista, nutricionista, psicólogo, dentre outros profissionais especializados na área. Assim como outras doenças crônicas, é importante enfatizar que o acompanhamento deve ser regular para a melhor resposta possível.
O acompanhamento psicoterápico representa pilar fundamental, sendo indicada, com maior frequência, a terapia cognitivo comportamental. A depender das particularidades de cada caso, a terapia medicamentosa deve ser associada.
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Autora: Dra. Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante - Médica endocrinologista