Alergia a vacinas é algo pouco comum, mas pode ocorrer. É importante dizer que todas as vacinas possuem chances de causar eventos adversos pós-vacinação (EAPV). Normalmente, esses eventos adversos são leves e passam em poucos dias.
As pessoas que apresentaram quadros de alergias deverão se atentar quanto às contraindicações de futuras doses.
Anafilaxia: o que é?
A anafilaxia é uma reação alérgica aguda muito rara e potencialmente fatal. O reconhecimento precoce é extremamente importante, uma vez que a condição requer um tratamento imediato.
Para reconhecer os casos de anafilaxia, é necessário pesquisar a presença dos seguintes sintomas:
Sintomas Respiratórios: sensação de garganta fechada ou aperto, estridor (som agudo ao respirar), rouquidão, dificuldade respiratória (como falta de ar ou respiração ofegante), tosse, dificuldade para engolir / babar, congestão nasal e espirros.
Sintomas Gastrintestinais: náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal ou cólicas.
Sintomas Cardiovasculares: tontura; desmaio; arritmia cardíaca; hipotensão (pressão arterial anormalmente baixa); pulso fraco; cianose (descoloração azulada); palidez e rubor.
Sintomas em pele e/ou mucosas: urticária generalizada; vermelhidão generalizada; coceira; conjuntivite; inchaço em olhos, lábios, língua, boca, rosto ou extremidades.
Sintomas neurológicos: agitação; convulsões; mudança aguda no estado mental; sensação de acontecimentos ruins.
Outros sintomas: aumento repentino das secreções (dos olhos, nariz ou boca); incontinência urinária.
Em casos de suspeitas de anafilaxia, recomenda-se procurar um serviço médico imediatamente.
No serviço de saúde, o profissional de saúde deve:
- Avaliar rapidamente as vias aéreas, respiração, circulação e atividade mental;
- Colocar o paciente deitado para cima, com os pés elevados, a menos que haja obstrução das vias aéreas superiores ou se o paciente estiver vomitando;
- Epinefrina (solução aquosa de 1 mg/mL [diluição 1: 1000]) é o tratamento de primeira linha para anafilaxia e deve ser administrado o mais rápido possível.
Já os anti-histamínicos e broncodilatadores não tratam a obstrução das vias aéreas ou a hipotensão e não são tratamentos de primeira linha para anafilaxia. Eles podem auxiliar no alívio para urticária e coceira (anti-histamínicos) ou sintomas de dificuldade respiratória (broncodilatadores), mas só devem ser administrados após a epinefrina em um paciente com quadro de anafilaxia.
Vacinação em pessoas com histórico de alergias
As vacinas passam por extensos testes que comprovam sua segurança e eficácia, porém todas possuem riscos de causar reações adversas. É importante dizer que as reações graves são extremamente raras, mas ainda assim podem ocorrer.
As reações são consideradas graves quando:
- Necessitam de intervenção médica prolongada ou internação hospitalar;
- Resultam em incapacidade persistente e/ou significativa;
- Levam a uma anomalia congênita;
- Resultam em morte.
Algumas dessas reações graves são situações que não ocorrem nas administrações das demais doses. Portanto, é possível continuar o esquema vacinal recomendado com a mesma vacina após uma extensa análise médica. Já em casos confirmados de anafilaxia à vacina ou a um dos seus componentes, a vacina é completamente contraindicada.
Quem deve ter mais atenção com eventos adversos pós-vacinação (EAPV)?
A imunização é extremamente importante em todos os momentos da vida, mas, em alguns casos, a atenção de possíveis reações adversas deve ser redobrada.
Gestantes e pessoas que tenham o sistema imunológico comprometido fazem parte do grupo que deve se preocupar com determinados eventos adversos.
Principalmente vacinas que utilizam bactérias ou vírus vivos podem ser de risco para esses grupos específicos. Portanto, antes de tomar uma vacina, é necessário se informar de todas as contraindicações e conversar com o médico responsável que analisará se determinada vacina é segura ou não.
Pessoas alérgicas também devem consultar o médico previamente.
Algumas vacinas podem dar reações em bebês e recém-nascidos, mas isso não significa que acontecerá sempre, depende da individualidade de cada organismo. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e não demoram a passar.
Quem possui alergia pode tomar as vacinas contra a COVID-19?
Recentemente, um relatório foi emitido pelo CDC que dizia que de 14 a 23 de dezembro de 2020, o monitoramento do Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas notificou 21 casos de anafilaxia após a administração de 1,8 milhão de doses da vacina da COVID-19 Pfizer-BioNTech e 71% destes casos ocorreram dentro de 15 minutos após a vacinação.
De acordo com esses estudos que estão sendo realizados, é possível perceber que a anafilaxia é um evento raro que acomete cerca de 0,001% dos imunizados.
Ana Karolina Barreto Marinho, especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), explica que alérgicos podem e devem receber vacinas, mas é preciso tomar mais cuidado com quem já teve reações anafiláticas, e mesmo para eles existem protocolos de segurança que permitem a imunização.
A especialista também diz que a recomendação é perguntar antes da vacinação se a pessoa já passou por algo do tipo. A partir daí, o médico do paciente e a equipe vacinadora deverão fazer uma avaliação mais detalhada de cada caso.